quinta-feira, dezembro 06, 2012

Carta aos meus alunos.

Aos meus alunos,

Hoje decidiram protestar nas ruas. Não apoiei a decisão apesar de defender a sua justiça. Creio que o momento certo ainda está para vir. É o meu lado estratega a pôr-se à frente do impetuoso.
Devo, no entanto, salientar a justiça do protesto. As medidas resultantes da aplicação da legislação mais recente no ensino artístico trazem graves injustiças no vosso acesso ao ensino superior.
Em causa estão os exames de Português e Filosofia a aplicar já este ano mesmo ao 12º ano e a não utilização das classificações da P.A.A. e da F.C.T. no cálculo da média de acesso ao ensino superior.
A direção fez propostas para a sua alteração e para uma aplicação gradual dos exames e espera que, pelo menos em parte, estas propostas sejam atendidas pelo M.E.C. Acreditamos verdadeiramente que a justiça das nossas pretensões, que são as vossas, vai prevalecer. Não porque sejamos fortes ou berremos mais alto mas porque temos razão.
Somos uma escola de artistas, artistas cultos que sabem Português e Filosofia, mas artistas ainda assim e é desse modo que os alunos devem ser avaliados.
Somos a escola dos que querem aprender mais e mais cedo, não a escola dos que fogem ao trabalho. É isso que vamos provar àqueles que querem fazer de nós uma escola das Ciências e das Humanidades com umas aulitas de Desenho para enganar. Não há cursos de música sem instrumentos e nós temos o Projeto e as nossas oficinas. Sabemos que não basta pensar nas coisas é preciso fazê-las e devemos rejeitar este modelo em que vos querem dar cada vez menos aulas para terem tempo para estudar para os exames.
A escola existe para ensinar, para dar aulas, para dar espaços de trabalho aos seus alunos, não para os mandar para casa estudar. Não para os ordenar pela sua capacidade de responder a perguntas escritas num determinado tempo.
A vossa Soares dos Reis é a casa onde vocês trabalham tanto como outro qualquer trabalhador numa empresa (o mesmo número de horas por semana). Aprendem e fazem dentro da escola, não lá fora em explicações ou a estudar em casa. É assim que deve funcionar.
Vamos defender o nosso modelo juntos contra os que vos acham incapazes de transformar o mundo.
Como vosso professor proponho que sejamos, em protesto, os melhores do mundo. Que este ano as Provas de Aptidão Artística sejam as mais espectaculares. As notas de Português, História, Desenho ou Filosofia sejam as mais altas. Contra tudo e contra todos porque ninguém pára um artista com uma causa.
Proponho usarmos o artista chinês Ai Weiwei como inspiração contra esta visão preguiçosa do mundo que nos querem impor. A liberdade de um artista nunca termina e é nos momentos difíceis que o seu trabalho se levanta ainda mais relevante e genial. Para nós este é o momento de sermos geniais.

José António Fundo
Professor de Imagem e Som
Escola Artística de Soares dos Reis.

Ai Weiwei fez este vídeo para fazer rir o povo chinês enquanto lutam contra aquilo que o governo lhes tira e o vídeo foi bloqueado pelas autoridades.

Notícia da Agência Lusa (via Jornal Público) neste link.



segunda-feira, dezembro 03, 2012

Por uma internet livre.

Um Documentário sobre o movimento para uma rede livre, uma internet livre, no contexto do "Occupy Wall Street". O controlo exercido, pelo poder, sobre todos os nossos movimentos e a (im)possibilidade de criarmos uma estrutura realmente livre de comunicação. É impressionante como o medo da existência de um pensamento livre e da livre circulação de informação levou a polícia de Nova Iorque, devidamente instruída para o efeito, protegeu a propriedade privada destruindo a propriedade colectiva. 
A luta por uma sociedade livre, contra o poder esmagador do capital de Wall Street, a luta em defesa de uma internet livre, está hoje perdida. É importante, apesar de tudo, que aqueles que participam no processo de destruição da liberdade e do espírito humano saibam que nós sabemos quem eles são e o hoje não é o amanhã. É importante que o 1% que domina não durma descansado. Nem uma noite.



Via MotherBoard (lê o artigo de Brian Anderson que deu a origem a este post). 

A Free Network Foundation.

quarta-feira, novembro 14, 2012

Serei sempre contra o projeto meritoCratico.

Novas regras de exames penalizam alunos do ensino artístico
Público 13.11.2012 - 18:31 Por Clara Viana
 

As escolas públicas, inundadas em burocracia, obrigadas a funcionar como empresas públicas sem poderem contratar pessoal competente para os seus serviços administrativos, obrigadas a cumprir o código da contratação pública sem um único economista ou advogado no quadro - são as únicas empresas públicas em que isto acontece - terão daqui para a frente menos recursos financeiros. O que equivale a menos recursos educativos.

Enquanto o Ministério estrangula as escolas públicas, vai criando dificuldades aos seus alunos no acesso ao ensino superior:

  1. Exames relativos a três anos de ensino - Onde já se viu? Nenhum adulto admitiria fazer isto, preparar dois ou três exames para a mesma semana com dois ou mais anos de matéria dada para cada um. Não é facilitismo nenhum rejeitar esta proposta, é só sensato. Esta regra beneficia os do costume, os que fazem os exames em ambiente controlado com recursos ilimitados e sem pressão nas notas.
  2. Acabar com o contributo da Educação Física para a média do ensino secundário - Uma área em que a oferta de muitos colégios privados de excelência é muito carênciada. Em breve nem obrigatória será. Quem quer saber do desporto e da educação desportiva? Crato não é de certeza.
  3. Criação de exames como barreira nos sistemas alternativos aos enfadonhos ciêntifico-humanísticos - Os exames nos cursos profissionais serão inclusive a disciplinas que os alunos nunca frequentaram. Gostaria de saber qual a reação das elites se os meninos dos colégios fossem assim surpreendidos de um momento para o outro? É inaceitável esta medida.
  4. Acabar com o ensino vocacional de qualidade e concentrar a avaliação dos alunos em disciplinas clássicas e genéricas favorecendo mais uma vez os colégios privados com poucas condições para um ensino diversificado. É mais barato ensinar para exames de Português, Filosofia ou Matemática do que ter oficinas equipadas e projetos educativos dinâmicos e diversificados.
O problema com os exames que agora plantaram em frente aos alunos é que para além do facto de aparecerem a meio do processo, ou quase no fim dele, e de surpresa, criaram um problema complexo.

Agora o aluno tem de decidir no final do 11º ano se quer prosseguir estudos? Não pode decidir mais tarde, no fim do 12º ano? Não é livre de o fazer sem ter necessariamente de fazer um exame a uma disciplina que já terminou no 11º ano? É que há mais cadeiras para se fazer exame. Escolher a Filosofia e o Português é apenas avaliar alunos de artes com um peso descomunal da área das letras desvirtuando qualquer avaliação do seu percurso. E passa a haver duas médias. Uma de conclusão e outra para prosseguimento de estudos. O que significa que vão surgir alunos com o 12° ano feito sem direito a prosseguir estudos no ensino superior em Portugal. Mas lá fora já podem. Que inteligente!

Presumo que as Belas Artes e as Faculdades de Arquitetura e de Design ou Audiovisual não foram consultadas sobre a qualidade dos alunos do artístico especializado ou sequer sobre as competências do aluno que para lá concorre. E agora o trabalho dos alunos na sua área vocacional como é a Prova de Aptidão Artística ou a Formação em Contexto de Trabalho não conta? E conta um exame de Filosofia?

Quem é que se lembra de medidas como estas?

A resposta é só uma. Um ministro com uma agenda. Favorecer o ensino privado em primeiro lugar, enterrar o ensino público, depois de o condenar aos maus resultados e ao abandono (talvez para o vender mais tarde), e criar em Portugal um sistema de ensino que garante a reprodução social. Os filhos dos ricos vão para a faculdade, os dos pobres vão para aquela coisa importada da Alemanha, aprender a ser operários das Auto-Europas do futuro estado feudal português. Nuno Crato é muito pior do que Vitor Gaspar. O problema de Crato é que as escolas são bem mais duras do que os contribuintes e esta luta não termina nunca. Havemos de ter um ensino público de qualidade e um sistema de ensino justo para todos. Apesar de Crato, apesar do Ministério da Educação a escola pública artística vai prevalecer.

Outra nota:

Há quem me diga que mais vale estar calado. Que serei prejudicado por escrever o que penso. Haverá quem se vai aproveitar da minha vontade de escrever para prejudicar a Soares dos Reis e marcar pontos para a meritoCratia. Tenho recebido ataques mas permaneço convicto do que escrevo. Não gosto desta política. Não gosto. Não vou fingir que gosto. A minha função como subdiretor da Soares dos Reis obriga-me a ter uma opinião sobre a organização administrativa e pedagógica da escola, do ensino artístico. Podia ficar calado, à espera da palmadinha nas costas dos senhores com poder ou influência, ou então defender os meus alunos, os meus colegas, a minha escola. Decidi-me pela segunda.

 

segunda-feira, novembro 12, 2012

Pétain Passos, o agente de liquidação.

Gostei hoje de saber que, para Passos Coelho, comentar o falhanço óbvio da sua política económica é doentio e a unanimidade da análise ainda o confirma.Extraordinário! Veio uma senhora alemã que gosta dos portugueses para mão de obra barata e pouco mais, justificar a asneira de um governo desorientado sem rumo e que defende tanto a economia lusa como o governo de Vichy defendeu os franceses. O nosso Pétain Coelho envergonha-nos na sua lamentável e caricata promoção de uma nação em estado de liquidação. Isso sim é doentio.

Só faltou dizer que fazemos mais a metade do preço porque por cá vamos deixar de comer bifes e voltar ao tradicional batatas com batatas transmontano do tempo do estado novo.

Claro que quando estivermos mesmo no chão abre-se outra fábrica de automóveis com trabalho mais barato. É sempre um bom negócio. Repare-se que em inúmeras reportagens se fala da qualidade dos trabalhadores portugueses, esses mesmos a quem se paga cada vez menos e se acusa de pouca produtividade e que viveram muito acima das possibilidades durante este tempo todo (Jonet et al, 2012). Os alemães gabam a formação dos engenheiros e enfermeiros, esses mesmos que vêm do péssimo ensino português e das Universidades Públicas que gastam demais.

Até o raio do sol serviu para um triste espectáculo de subserviência. Ver o provinciano Presidente a dizer, num inglês tosco, que nunca viu tantos fotógrafos é tão triste que nem há palavras.

No fim foi bom saber que ainda há dinheiro para todo o aparato policial e que, num país onde até os feriados vão acabar, podemos encerrar ruas e parar o comércio numa das mais importantes zonas turísticas de Lisboa. Afinal nem tudo é mau.

 

domingo, novembro 11, 2012

Mais virão...

Isabel Jonet lamenta polémica mas mantém posição sobre pobreza no país

11.11.2012 - 08:26 Por PÚBLICO

Isabel Jonet insiste... E vai falar à Radio Renascença. Que surpresa. Jonet cava ainda mais o buraco em que se meteu. Mas gosta de lá estar porque é moda agora. É moda aqueles a quem nada falta apregoarem a soberba da nação.

Comportamo-nos todos como ricos! É inaceitável. O povo é suposto ser pobre, comer mal, usar roupa oferecida e em segunda mão. Sem pobres o que seria da Igreja e do seu único contributo social?

O discurso do "acima das nossas possibilidades" põe a dormir sossegados aqueles inocentes - leia-se de inteligência abaixo da média - que querem acreditar que foi a meritocracia divina que os colocou no caminho da prosperidade. Que eles a merecem. Que todos os outros merecem realmente ser pobres e ser castigados por desejarem comer melhor, vestir melhor e tirar mais partido da vida. Assim é a natureza da nossa sociedade uns ricos e outros pobres.

Jonet nem percebe o que disse de errado. Muita gente não percebe o porquê de tanta polémica. A nossa pobreza, a do país, é justa do seu ponto de vista. Pelo menos para aqueles que não a sentem, que nunca a virão a sentir, a pobreza dos outros será sempre justa. O lugar de Jonet na sociedade portuguesa é a olhar de cima, a julgar, e a dar uma mãozinha aos coitadinhos. Uma santa!

Se esta crise alguma vez teve um lado positivo foi o de nos revelar a verdadeira natureza de algumas personagens. Estão a aparecer e a dizer as tolices que lhes saem pela cabeça tonta. Mais virão...

 

sábado, novembro 10, 2012

O Fetiche dos Coitadinhos

Cai a mascara a Isabel Jonet. Economista, mãe de cinco filhos, dedica-se ao voluntariado. Nunca lhe faltou nada calculo. Católica, bem comportada. Trás a caridade ao peito com orgulho. Virá um dia dizer que nada ganha com o que faz sem perceber que isso insulta ainda mais aqueles que todos os dias saem de casa para trabalhar porque não se podem dar ao luxo de passar a vida a voluntariar-se. Imagino que, tal como o cardeal patriarca, sonhe com um país de pobrezinhos. Para ela poder reinar e ir para o céu.


Rejubila com a austeridade e a notoriedade que lhe caberá no futuro. Será a salvadora, distribuidora do arroz e da massa e dos feijões que eu e tu, parvos, pagamos e entregamos generosamente àqueles miúdos à saída do supermercado. Eu a pensar que estava a tirar a fome a alguém e percebo que, pelo caminho, estou a encher o ego de uma Jonet. Um dia uma Jonet, outro dia um Ulrich, enfim...

Nada de salários justos, porque os portugueses que vivem acima das suas possibilidades, têm, já faz tempo, os mais baixos salários da Europa.

Nada de emprego e muito menos de apoios contra a pobreza. Rendimentos Sociais de Inserção ou Subsídios de Desemprego, em Portugal mais baixos do que na generalidade dos países europeus, vão contra os princípios de Jonet porque lhe tiram a clientela.

Este fetiche do coitadinho não é de hoje. Fica bem ao rico ter o seu pobrezinho de estimação. (ler a crónica de António Lobo Antunes "Os pobrezinhos" para perceber, basta procurar no Google)

Esta teoria da caridadesinha cristã redentora dos mais ricos e poderosos é muito popular na América. Políticas para acabar com a pobreza é fugir delas. Reunir camiões de comida enlatada ou distribuir sopa em panelões com as unhas arranjadas por baixo das luvas de plástico isso sim, é de santo.

Não tenho duvidas de que muita gente foi alimentada pelo Banco Alimentar mas imaginaria o seu dirigente máximo a defender políticas de apoio social, de luta contra a pobreza. Pelo contrário, a senhora defende a generalização da pobreza.

Isabel, diz-me tu, o que deste de jantar hoje aos teus filhos?

 

quinta-feira, novembro 01, 2012

No jogo do aguenta, aguenta sempre o mesmo! (republicada do facebook)

A propósito das declarações de Fernando Ulrich acerca da austeridade sobre as quais pode ler esta notícia do Público.

Fernando Ulrich: “O país aguenta mais austeridade?... Ai aguenta, aguenta”

Fernando Ulrich, nascido de família de banqueiros, com origem alemã - vá-se lá perceber o raio da coincidência - não sabe o que é austeridade. Nasceu em berço de ouro e foi sempre rico. Apesar disto nem o seu curso acabou e percebe-se agora porquê (ler páginas da wikipédia a seu respeito tanto em português como em inglês). Ninguém o ouviu tão arrogante quando o banco que dirige recorreu a ajuda do estado neste termos: «O plano de recapitalização inclui a subscrição pelo Estado, em 29 de Junho de 2012, de instrumentos de dívida elegíveis para fundos próprios core tier one (obrigações de conversão contingente), no montante de 1,5 mil milhões de euros, que será reduzido para 1,3 mil milhões de euros logo após a realização do aumento de capital» (retirado do site agenciafinanceira.iol.pt com data de 6 de abril de 2012). A sua incompetência e dos seus parceiros noutras instituições financeiras trouxe-nos até aqui. A um ponto em que para ele continuar a ser rico os nossos impostos têm de pagar os juros e os empréstimos que o estado português tem de contrair para manter os cofres do seu banco cheios. Todos juntos, austeridade incluída, contribuímos para o facto de o BPI apresentar de Janeiro a Setembro de 2012 um lucro líquido consolidado de 117.1 M.€ (subida de 15.3% relativamente aos 101.5 M.€ registados no período homólogo de 2011). Mas não lhe chega. Ele ainda quer mais. É de uma falta de respeito e ignorância que não pode passar em branco. Não há quem aguente estes Ulrichs, Borges e associados e a sua completa e absoluta falta de respeito pelo povo português.

Fala-se agora da refundação do Estado. Cheira-me a golpe de estado. Em boa verdade o Presidente da Republica assim que ouvisse alguém dizer que o FMI está em Portugal a negociar com o Governo a refundação do Estado deveria mandar chamar o Primeiro Ministro e ameaça-lo de eleições antecipadas. Ninguém votou a refundação do Estado, muito menos feita para beneficiar os interesses do FMI e da Europa rica.

sábado, outubro 27, 2012

Um Autarca verdadeiramente generoso.

As coisas que se dizem podem ter várias leituras. Uma das leituras possíveis, pelo menos, vai revelar as ideias que estão realmente por trás do que se diz ou escreve. Corremos todos esse risco, de revelar quem realmente somos. Eu corro esse risco revelando, talvez até demais, aquilo que penso de determinados políticos e/ou as suas políticas. Tantas vezes fui avisado para ficar calado. Não tenho vergonha do que penso ou vou dizendo. Não acho que Rui Rio tenha vergonha e, pelos vistos, também não tem muito cuidado. Mas não deixo de o ouvir e sentir que há coisas ali que estão ocultas. Provavelmente até para ele.

Escreve um texto a criticar a política social do governo, a sua falta de apoio a programas de solidariedade, mas não resiste a dizer o que pensa do Rendimento Social de Inserção. Prémio, para ele, imerecido para os que "não querem trabalhar e acham que os outros os devem sustentar". Foi um pouco bruto para quem usufrui deste apoio e precisa dele. Com certeza não gostaria de estar num aperto, precisar da ajuda do estado, e chamarem-lhe automaticamente preguiçoso e oportunista. Equivaleria talvez a pensar... Autarca igual a corrupto ou vigarista... exemplos a provar esta última teoria não faltam. Rui Rio, caso lhe chamassem estes dois últimos adjectivos, correria para um advogado a pedir a devolução da dignidade. Mas não se coíbe de fazer juízos sobre os outros. Dirá que são só alguns e eu direi que é responsabilidade dos políticos desenhar sistemas justos e que não permitam a burla. Nem todos os cidadãos são honestos é verdade, mas as generalizações não deveriam agradar aos políticos porque eles não se saem nada bem na fotografia.

Outro aspecto interessante é Rui Rio achar positivo pôr esta gente, que tão pouco recebe, a trabalhar na Câmara Municipal do Porto. O R.S.I. é uma prestação de apoio, não é, até pelo seu valor, um vencimento. Ainda que o valor seja aumentado para prestar o trabalho que estão a prestar estes trabalhadores merecem o mesmo tratamento que os outros, um contrato, uma avaliação, até uma carreira, mas não... porque o R.S.I. é antes demais um castigo da sociedade aos poucos produtivos e portanto se assim é tem de se pôr esta gente a trabalhar. No fim, ironia das ironias, diz-nos que são óptimos trabalhadores e pessoas honestas. A minha sugestão é esta: ofereça-lhes trabalho, igual aos outros, até porque precisa deles caso contrário não os tinha colocado nas tarefas. O trabalho dos beneficiários do R.S.I. representa uma poupança ilegítima no valor do trabalho e é o principio de um novo modelo de escravatura. Alguém é despedido e vai cumprir funções iguais em empresa parecida mas a receber um "subsídio" abaixo do seu vencimento original e ainda deve agradecer.

A nossa sociedade, a portuguesa, a europeia, a ocidental, está podre e a vergonha não existe, nem nas palavras escritas de um editorial, esse sim, imerecido e que desconsidera o trabalho e o cidadão com dificuldades. O governo é mau, Rui Rio, mas é o teu governo, dos teus amigos e parceiros políticos, com as tuas ideias e preconceitos. Poupa-nos à tua filosofia moralista. Obrigado.



sexta-feira, outubro 26, 2012

Porque descem a prestações sociais e aumenta a desigualdade no pais? (republicação do facebook)

A propósito deste editorial do público:

Um Governo abaixo do limiar da vergonha


O problema do combate às desigualdades no Governo é só um. O Governo não pretende combater as desigualdades. Toda a filosofia económica e todo o sistema financeiro em que o Governo acredita funciona com base nas desigualdades, na meritocracia económica e moral. Simplificando: tens menos porque mereces menos, ou simplesmente, tens o que mereces. Não há aqui qualquer análise complexa de um sistema que favorece determinados tipos de burla e castiga muitos tipos de trabalho. Não há aqui qualquer reflexão sobre as injustiças sociais de um sistema no sentido de o corrigir, de o acertar, de evitar o acentuar das desigualdades. Não há, porque se aceita, sem mais, que a condição de pobre é o resultado justo do sistema. Todos os sistemas falham, não existe o sistema perfeito. Por isso todos os sistemas têm processos de salvaguarda, de ajustamento. 
O que está a acontecer é que temos um Governo fundamentalista do sistema que não acha que se deva corrigir, ou ajustar coisa nenhuma. É assim porque Deus quis e a economia assim o ditou. Por isso, se alguém está desempregado, sem casa ou mesmo doente que se amanhe. Os cortes atuais têm como objetivo moralizar a sociedade e castigar o mais desfavorecidos. Não têm motivações de corte na despesa, já se percebeu que o Governo não sabe por onde começar a cortar. É contra este tipo de moral, contra este tipo de projeto social, que pretende construir uma nova sociedade feudal, povo ariano do norte à frente a comandar, que devemos lutar. 
O Pedro Mota Soares que não se esqueça de que para os alemães ele não é mais do que um usufrutuário de um rendimento social de inserção para países sem abrigo na Europa. Vale para eles menos do que um reformado da linha de montagem da BMW.
Não defender os interesses dos mais desfavorecidos e abdicar de lutar para acabar com as desigualdades é também afirmar que Portugal deixou de ter direito a um futuro na Europa. O nosso Governo não percebe isso.

sábado, outubro 13, 2012

Os Rankings, as Escolas, os Alunos e a Soares dos Reis (re-puplicação do Facebbok)

A propósito desta noticia do Jornal Público de 13 de Outubro,

Rankings: metade das escolas públicas fica aquém do esperado


Parece que descobriram agora que escolas que seleccionam os alunos, cobram couro e cabelo e enchem as crianças de explicações e horas extras, essas crianças a quem não falta quem lhes leia livros nem livros para ler, não falta quem lhes compre computadores, essas crianças a quem a depressão diária das dificuldades económicas não afecta, essas escolas têm melhores resultados naquela coisa dos exames - agora chamam-lhe avaliação externa. Estou para a minha vida de surpreendido! Esta hipocrisia meritocrática tem de acabar. O trabalho de centenas de escolas com alunos a lutar contra todas as adversidades parece que não interessa a ninguém e confunde-se esse facilitismo económico com qualidade. A estupidez generalizada do discurso sobre educação em Portugal tem eco nos media que exultam a cada golpe na escola pública. A Soares dos Reis para já está de fora dos rankings. Um dia que lá esteja não haverá um único ponto ou décima que diga respeito à liberdade que o aluno lá viveu, ao seu crescimento pessoal e artístico, ao seu sucesso e trabalho que a tanta gente deixou os queixos em baixo. Quando um visitante vê a nossa exposição e fica fascinado, que saiba que nenhum daqueles trabalhos, centenas de trabalhos, vale um ponto que seja no nosso ranking. Termos um grupo que apoia os mais necessitados não vale um ponto que seja. Promovermos o Open-source não vale um ponto que seja. Integrarmos os que têm necessidades educativas diferentes não vale nada. Trabalharmos horas a fio com os alunos no Projeto e ganhar prémios com muitos desses trabalhos vale zero. Mas sobretudo a felicidade de cada aluno, as lágrimas por perder aquele curso e ganhar outro e a coragem de abraçar cada arte cada novo desafio, a alegria que a escola dá quando ajuda a aprender a fazer coisas, coisas que ficam, o amor e respeito que todos nós ex-alunos sentimos pela escola e a vontade de que os nossos filhos a frequentem, vale absolutamente zero nos rankings. Mas ainda há gente que acredite neles e perca a oportunidade de ter os filhos a aprender coisas reais entre colegas reais e procure as escolas da realeza para aprender a sentar e a marrar para aquela coisa dos exames. É triste.

A Propósito das Declarações do patriarca de Lisboa, D. José Policarpo (republicação do facebbok)


A propósito desta notícia do Jornal Público de 12 de Outubro...

Patriarca diz que democracia na rua corrompe a democracia


‎"Não se resolve nada contestando"..."até que ponto se consegue uma saúde democrática com a rua a dizer como se deve governar." ... "Penso que este sacrifício levará a resultados positivos". Este senhor tem uma ideia de democracia diferente. Em que as pessoas participam pouco ou nada e um líder, escolhido entre pares de uma elite, comanda sem a possibilidade de ser contestado. Da ultima vez que me lembro esta "democracia" tinha outro nome. Para ele, manter o coletivo a acreditar numa quimera só alcançável pelo sacrifício é o seu dia a dia. Não tem qualquer problema com o aumento da pobreza porque é nela que encontra os seus apoiantes e sabe que fica a ganhar com tudo isto. Mas, apesar de tudo, este senhor não tem objectivos pérfidos. Ele acredita realmente nisto. Tem uma educação tolhida e encolhida. É evidente que acredita na representatividade. Só é pena que não acredite no conceito do fim da representatividade, algo que surge naturalmente quando um representante quebra um laço de confiança com quem o elegeu com outros pressupostos. Mas quando um país inteiro é levado a sacrifícios para atingir um dia a salvação económica este senhor entra em êxtase religioso. O discurso do nosso governo é um discurso católico. Estamos a pagar o nosso pecado, com o sacrifício, e um dia virá a salvação. Quando? Isso só Deus sabe... É a forma mais fácil de pastorear o cordeiro luso. Nota final: O Padre Carreira das Neves quando lhe ocorre falar sobre escola (agora mesmo na SIC notícias) a primeira palavra que diz é "disciplina" e nunca refere educação ou formação. Deve querer dizer alguma coisa acerca da escola destes dois senhores. Tenham cuidado, tenham muito cuidado.

sexta-feira, outubro 05, 2012

O Presidente e a Bandeira Invertida.

Um Presidente hasteia a bandeira do seu país ao contrário. Este acto está carregado de simbolismo. Ainda que tenha sido involuntário. Este Presidente já nos habituou a actos desprovidos de sentido, de intenção e de alma. Uma bandeira invertida é sinal de um país vitima de um golpe de estado, um navio tomado por piratas. É um pedido de auxilio causado por uma tomada violenta e ilegítima do poder, a perca de autonomia e liberdade. Portugal foi tomado por um governo que defende interesses estrangeiros, por uma troika que quer criar um exército de escravos europeus, por falsos políticos que protegem interesses económicos nefastos. Cavaco Silva não se desgasta muito para defender o interesse dos Portugueses. Sem querer realizou o mais simbólico e preocupante acto que acompanha a comemoração da República. A Republica está no fim. A democracia também. A bandeira deveria manter-se invertida. Até lhe agradecia a ironia mas estou farto de aturar as suas tolices.



quarta-feira, setembro 26, 2012

Protestos em Madrid (republicação do facebook)

Apesar do jornal Público se entreter com as trivialidades do número de detidos e feridos nos protestos de Madrid o facto é que os Espanhóis, a sofrer menos do que os Portugueses, foram bem mais agressivos nos seus protestos e montaram uma manifestação justa e digna desse nome. O motivo é o mesmo. A ausência de uma governação democrática em defesa dos direitos dos cidadãos, da igualdade e do respeito pela dignidade humana. Não valerá muito a pena ser pacífico, pensarão muitos espanhóis, na verdade nisto das revoluções nunca funcionou muito bem o pacifismo. Aquelas barreiras metálicas também não estão ali a fazer nada. São barreiras ideológicas que protegem os governantes da opinião e do embaraço do confronto com os seus eleitores. Os governos europeus estão a precisar de governo. Em Espanha a sombra da guerra civil, a dúvida sobre a legitimidade governativa e a falsa coesão política estão sempre muito presentes num povo com sangue na guelra. O res
ultado foi uma manifestação que parecia verdadeiramente assustadora para qualquer governante. Não um protesto pacífico que serve para Paulo Portas ainda mandar mais no país. Não digo para começar-mos todos à pancada, não quer dizer que não resulte, mas há sempre gente que se magoa e vê a sua propriedade destruída e isso deve evitar-se até ao limite. É fundamental, apesar de tudo, que a classe política sinta que está a ser governada pelo povo. Devem sentir-se cercados até nos devolverem a confiança. Nesse sentido as declarações da comissão Europeia e do Banco Central Europeu sobre as medidas de austeridade a adotar em Portugal são inaceitáveis vindas de duas instituições responsáveis pelo mau governo Europeu e dominadas por políticos não eleitos. Essa ingerência na soberania, mesmo da parte de um credor - agiota que à força se impôs - noutro tempo teria outra resposta. É importante que os governos e instituições europeias se sintam cercados pelos cidadãos que estão a ser chamados a pagar uma dívida que lhes foi imposta e que serviu apenas para encher os bolsos de uma elite financeira mundial. O cerco do Congresso dos Deputados em Madrid é importante por muitos mais motivos do que os feridos e os detidos.

sábado, setembro 15, 2012

Manifestação de 15 de Setembro (republicação do facebook)

Hoje foi um dia importante mas é apenas um começo. Devemos tomar o controlo do nosso próprio destino. O governo deve demitir-se, o seu caminho estava errado e dirige-nos para uma situação ainda pior. O clientelismo político/financeiro tem de acabar e esta geração de políticos já provou que nada tem para nos dar.

quinta-feira, setembro 13, 2012

A crise da dívida na Zona Euro (republicação do facebook)

Como facilmente se comprova por estes gráficos publicados no site da BBC  as obrigações que nos são impostas pela troika são uma moda, mais ou menos cruel, sem um histórico de sentido. Ou seja, no passado outros países tiveram deficits e dívidas superiores sem que por isso tenham sido 
castigados. O único motivo para este programa é a vontade dos credores de receber mais pela mesma dívida. Para isso basta que digam - via agências de rating - que acreditam menos que somos capazes de pagar. Não há, ao contrário do propagado, nenhuma fórmula específica que defina a possibilidade de um país pagar ou não a sua dívida. Isso é pura especulação. Por outro lado está estatisticamente comprovado que os economistas são pura e simplesmente incapazes de fazer previsões coerentes sobre o futuro das economias. Os economistas limitam-se a um exercício de "wishful thinking" mais pessimista ou mais otimista. Depois fazem umas contas que dão o resultado que eles antecipadamente desejaram - ver o caso da TSU e do governo. Há uma generalizada ignorância por entre aqueles que apregoam a técnica de contar moedas, sobretudo quando se fala em grandes números. Chamam-lhe macro-economia. O nosso atual presidente dava aulas disso, imaginem! Esta crueldade externa sobre o nosso país é um novo tipo de invasão. Um expediente que moralisa e justifica a passagem de dinheiro das pessoas para os grandes grupos financeiros. Até os holandeses falam em austeridade e os alemães (o povo) sempre a conheceram. Para os ditadores do sec. XXI um país rico é um país com um povo pobre, uma classe política corrupta e instituições financeiras muito ricas. Ver o caso do Brazil e das suas favelas e dos seus traficantes. Cheio de pobreza, bem pior do que a nossa, uma classe política de fugir, mega-empresas comandadas a partir do exterior.
A insanidade que nos comanda até ao precipício tem por objetivo não apenas o enriquecimento pessoal de alguns mas também um desejo estranho e estranhamente familiar de purga do país, por uma nova ordem que vê a pobreza como uma espécie de superioridade moral e o sacrifício como um exercício de limpeza. Estão a mandar-nos ir a pé a Fátima a pão e água convencendo-nos que nos trará o céu. Mas o céu não existe e esta crise durará até que os bolsos dos seus autores estejam cheios. Não depende em absolutamente nada dos nossos sacrifícios.

quarta-feira, agosto 22, 2012

O que já fez François Hollande em França...

O meu amigo o pintor José Miguel Gervásio reenviou-me este texto. É difícil saber quanto disto é verdade ou está realmente bem contado mas também já desisti de procurar estas notícias nos nossos jornais. Tudo leva a crer que este texto é a mais pura verdade. Leiam...

Isto é o que fez o François Hollande (não palavras ... actos) ... em 56 días no cargo:

- Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos destinam-se ao Fundo da Previdência e destina-se a ser distribuido pelas regiões com maior número de centros urbanos com os suburbios mais ruinosos.

- Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estaduais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha € 650.000/ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras ". Fora os Peugeot e os Citroen. 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a abrir em 15 ago 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas "para aumentar a competitividade e produtividade da nação."

- Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afetar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados , dos quais 6.900 a partir de 1 de julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de setembro, como professores na educação pública.

- Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional.

- Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se se estabelece como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais.

- Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatiais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados.

- Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem porporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou sair.

- Reduzido em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganham mais de € 800.000 por ano. Com essa quantidade (cerca de 4 milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vai à escola primária e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.

Resultado: Olhem que SURPRESA !!!

O spread com títulos alemães caiu, por magia. A inflação não aumentou. A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de junho, pela primeira vez em três anos.

Após uma pequeníssima busca descobri a origem deste texto neste neste blog.