sábado, novembro 10, 2012

O Fetiche dos Coitadinhos

Cai a mascara a Isabel Jonet. Economista, mãe de cinco filhos, dedica-se ao voluntariado. Nunca lhe faltou nada calculo. Católica, bem comportada. Trás a caridade ao peito com orgulho. Virá um dia dizer que nada ganha com o que faz sem perceber que isso insulta ainda mais aqueles que todos os dias saem de casa para trabalhar porque não se podem dar ao luxo de passar a vida a voluntariar-se. Imagino que, tal como o cardeal patriarca, sonhe com um país de pobrezinhos. Para ela poder reinar e ir para o céu.


Rejubila com a austeridade e a notoriedade que lhe caberá no futuro. Será a salvadora, distribuidora do arroz e da massa e dos feijões que eu e tu, parvos, pagamos e entregamos generosamente àqueles miúdos à saída do supermercado. Eu a pensar que estava a tirar a fome a alguém e percebo que, pelo caminho, estou a encher o ego de uma Jonet. Um dia uma Jonet, outro dia um Ulrich, enfim...

Nada de salários justos, porque os portugueses que vivem acima das suas possibilidades, têm, já faz tempo, os mais baixos salários da Europa.

Nada de emprego e muito menos de apoios contra a pobreza. Rendimentos Sociais de Inserção ou Subsídios de Desemprego, em Portugal mais baixos do que na generalidade dos países europeus, vão contra os princípios de Jonet porque lhe tiram a clientela.

Este fetiche do coitadinho não é de hoje. Fica bem ao rico ter o seu pobrezinho de estimação. (ler a crónica de António Lobo Antunes "Os pobrezinhos" para perceber, basta procurar no Google)

Esta teoria da caridadesinha cristã redentora dos mais ricos e poderosos é muito popular na América. Políticas para acabar com a pobreza é fugir delas. Reunir camiões de comida enlatada ou distribuir sopa em panelões com as unhas arranjadas por baixo das luvas de plástico isso sim, é de santo.

Não tenho duvidas de que muita gente foi alimentada pelo Banco Alimentar mas imaginaria o seu dirigente máximo a defender políticas de apoio social, de luta contra a pobreza. Pelo contrário, a senhora defende a generalização da pobreza.

Isabel, diz-me tu, o que deste de jantar hoje aos teus filhos?

 

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