terça-feira, fevereiro 14, 2006

Em Memória de Álvaro Lapa


os criminosos e as suas propriedades (1974/75)


"Sou um abismo completo"

"Um homem só se possui atrvés de lampejos esparsos, e mesmo quando se possui não alcança a sua totalidade."

"A escrita pictográfica não é literária na sua tradição nem nos seus meios. Pode sê-lo indirectamente (p. ex. usando letras) sem se situar como forma literária.
(...)
Para o pintor o espetáculo é imagem, onde a consciência se alarga-alegra. Nos restos da função-memória, do que foi o melhor, do que valeu a pena: e dá-lhes vida."

Álvaro Lapa (1939-2006)

Lembro-me de Lapa nas aulas, enigmático, sempre muito dentro de si mesmo. Frases de valor incalculavel. Sinto hoje que perdi muito do que ele tinha para dizer. Podia ter estado mais atento nas aulas... mas ficou muito. E ficou porque a figura, o homem que era Álvaro Lapa, deixava entender a honestidade artística, a coerência, o génio.
Mais do que qualquer outro professor ensinou-nos a pensar o nosso trabalho, a ler o nosso trabalho, enquanto nos falava de Deleuze ou Adorno. A paixão distante com que falava de Artaud ,de Dacosta, do Surrealismo contagiou-nos a todos.
A sua obra influênciou, mais do que qualquer outra, o trabalho dos alunos de pintura das Belas Artes da minha geração. Licenciado em filosofia é um dos pintores mais interessantes da nossa contemporaneadade, provavelmente o mais interessante, junto com o seu amigo António Areal.

Ficamos mais pobres.

dois links para conhecerem algo sobre Álvaro Lapa.

Artistas Unidos

Galeria Fernando Santos