quinta-feira, maio 28, 2009

Eu não gosto de Geometria Descritiva!



Eu não gosto de Geometria Descritiva. Nem tenho de gostar. Nem sequer tenho de fingir que gosto, ou tenho? Pelos vistos há quem pense que eu deveria fingir.
Já dei aulas da coisa. Não correu mal, antes pelo contrário. Foi uma paz de alma ensinar a fazer aqueles exercícios. Mas não gosto.
Expliquei milhões de vezes a razão pela qual a Geometria Descritiva deveria ser substituida no currículo por uma disciplina de representação rigorosa que, ainda que aproveitando algumas das bases da anterior, deveria enveredar por técnicas e soluções de representação mais actuais e, sobretudo, deveria primar pela simplicidade e pelo sentido prático ao contrário dos quebra-cabeças abstractos e sem sentido que acabam por moer a paciência de candidatos às Belas Artes nos exames nacionais. Faz bem à moleirinha, vão dizer os mais conservadores, treina o entendimento do espaço, dirão outros assim assim. Eu digo que isso tudo se pode fazer com outras ferramentas e que representar as projecções e sombras nos planos horizontal e vertical de um cone assente num plano projectante vertical, seccionado por um plano oblíquo, etc, etc... é uma chatice que serve apenas para alimentar o monstro.
Não presumo ser o rei da verdade e este é um assunto polémico. Não é pacífico. Nem a minha opinião sobre este assunto se esgota nestas linhas.
Devo dizer ainda, para quem me lê e ainda tem de fazer a disciplina, que raramente um currículo nos agrada na totalidade e que por vezes há desafios que parecem mais tontos ou mais complicados. A verdade é que estão lá e, como não há forma de os contornar, devem ser encarados com responsabilidade. A Geometria Descritiva não é um bicho de sete cabeças Aprende-se e pratica-se e pode, na conjuntura actual, ser uma óptima opção para tirar 20 num exame nacional de acesso ao ensino superior. Só por isso merece a atenção dos alunos. E depois há quem goste muito e muita gente que a acha fundamental. Eu é que não e pronto. Em muitos países civilizados outras disciplinas substituem a exaustiva prática dos ensinamentos de Gaspard Monge (1946 - 1918), não estou a proferir nenhuma blasfémia, ou estou?

imagem de Gaspard Monge retirada do blog Napoleon Bonapart en BD.