quinta-feira, junho 11, 2015

O sociopata cheio de "connects".

O discurso de Cavaco Silva no 10 de junho é um lamentável repolho de equívocos que oscilam entre o elogio ao governo e a constatação de coisas que não existem. O líder daqueles que acusaram os portugueses de viverem acima das suas possibilidades, com salários dos mais baixos da Europa, enquanto os seus amigos pessoais (chamemos-lhes contactos) desbaratavam instituições bancárias, vem agora ditar objetivos económicos que nada respeitam aos cidadãos. A coesão social, as desigualdades económicas (que aumentaram nos últimos 4 anos), o equilíbrio no investimento e desenvolvimento regional (estamos hoje ainda mais centrados em Lisboa) e a remuneração justa pelo trabalho, ao nível europeu, deveriam ser os principais objetivos e não a cartilha de Angela Merkel em busca de números perdidos ignorando a pobreza que provoca a sua procura.
Em Lamego, no Douro, onde a pobreza ainda mata e qualquer alemão ficaria enojado com as condições de vida de muitas gentes nas aldeias, Cavaco vem-nos falar de inovação (obrigado Mariano Gago) e empreendedorismo depois de termos destruído milhares de empresas. Toda a política económica deste governo se suporta na compra de dívida pelo BCE. Toda! O resto é um rasto de destruição que só um sociopata não consegue ver. É importante lembrar que o crescimento não chega a metade da queda provocada pelas medidas de austeridade. E que o sucesso seria apenas se o fim das medidas fosse possível. Cavaco quer sucesso económico mas não necessariamente para os cidadãos. É o que se interpreta do seu discurso. É um presidente que se aproxima mais dos portugueses quando desmaia do que quando fala.