quarta-feira, dezembro 02, 2009

Today´s Oblique Strategy ou Today's Useless Thought.

Desde 2 de Agosto deste ano dediquei-me a publicar no twitter e no facebook as Oblique Strategies publicadas em 1975 por Brian Eno e Peter Schmidt. Tudo começou com uma aplicação para o iPhone que achei muito curiosa e que me deu a conhecer este trabalho. Durante algum tempo não sou o que fazer com ela até que me surgiu a ideia de publicar uma "oblique strategy" por dia para eu e os meus leitores ou seguidores no twitter e facebook eventualmente reflectirmos sobre outros modos de resolver problemas criativos ou do simples dia a dia. São sugestões tão simples quanto desconcertantes e a sua publicação exigia de mim um pequeno esforço que me obrigava a reflectir sobre cada uma delas. Mais do que simplesmente consultar uma aplicação no telefone e ler uma frase.
Pois bem, acabaram as Oblique Strategies. Devo dizer que espero que o seu resultado seja melhor nos leitores do que em mim porque continuo exactamente onde estava ou mesmo pior. Mas isso já era de esperar.
A minha estratégia para hoje será começar algo novo. Não vou publicar frases com o nome do projecto de Eno e Schmidt porque isso seria uma falha grave de direitos de autor e uma palermice. Por isso decidi iniciar um conjunto novo com frases minhas. Em inglês porque há leitores do twitter e do facebook que não são portugueses e porque mais se irão juntar, espero.
A partir de hoje irei tentar publicar de segunda a sexta um "Useless Thought" e o Useless Thought de hoje é: Start something useless.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Não queria voltar por este motivo mas...

Já há muito que não escrevia no blog. Planeava há algum tempo uma nova estratégia de actuação que envolvesse posts frequentes até que acontece isto: José Saramago faz afirmações sobre o que entende da Bíblia e dos seus ensinamentos e afirmações. É evidente que Saramago sabe que muitos católicos não entendem as escrituras de uma forma literal, mas também é sabido que as interpretações já deram origem a muitas asneiras por gente de muita responsabilidade e que causaram muita morte. Do ponto de vista do comportamento dos seus fieis se não há dúvida que o catolicismo é abrigo de muita "caridade" e boas acções na ajuda do próximo também não podemos escamotear as barbaridades morais, a charlatanice, os falsos princípios e a hipocrisia. Para não esquecer a guerra. Por coincidência vi esta semana o documentário "Religulous" de Bill Maher que tenta provar a completa inutilidade da crença religiosa. Bill Maher dificilmente se pode considerar um estudioso do assunto mas diz coisas interessantes e sobretudo revela um grupo de crentes curioso, tonto, mesmo até perigoso e que representa um número de fiéis muito maior do que se imagina. Malta que acredita na bíblia e noutras escrituras de uma forma literal, no Adão e na Eva. Assustador! Eu não acredito, tenho muitas vezes medo do que pode fazer quem acredita e muito menos acredito que muitas leituras me possam explicar aquilo que os próprios católicos deliberam inexplicável: A existência de Deus, A Santíssima Trindade e os Milagres e essas coisas todas... Pura e simplesmente não acredito e custa-me que a palavra Deus vezes demais tenha sida proferida antes ou depois de uma qualquer agressão bélica que vai matar ou já matou milhares de seres humanos. Claro que nenhum genocída vai ler o blog e os meus amigos católicos são todos pela paz mas a associação entre guerra e religião é inevitável.

Mas o problema não é o que Saramago, eu próprio ou Bill Maher pensam, ou mesmo o que pensam os teólogos do mundo, o problema que me trouxe aqui é o que pensa a BESTA QUADRADA (e o insulto é propositado) do eurodeputado Mário David (e acreditem que queria mesmo que o atrasado mental googlasse o seu próprio nome para aqui chegar, por isso vou repetir O EURODEPUTADO DO PSD MÁRIO DAVID É UMA BESTA QUADRADA!) e é por causa disto. Esse senhor, eleito porque para ser deputado em Portugal também não é preciso ser grande coisa, acha, por qualquer motivo, que fala pelos portugueses e acha que Saramago devia abdicar da nacionalidade portuguesa por não ser católico e não concordar com a Bíblia. Então e eu? Também devia abdicar? e a malta toda das outras religiões? Todos para Espanha? e o nosso Estado LAICO? Tudo para Espanha também? Ou só podemos ser portugueses enquanto mantivermos em silêncio as nossas crenças pagãs? Eu proponho outra coisa... proponho ao eurodeputado Mário David que nunca mais volte, que vá pedir ao Vaticano asilo político ou espiritual se assim o entender ou fique por Bruxelas quero lá saber. Se ele acha que a opinião da maioria dos portugueses não pode ser posta em causa não sei porque é que ele continua a ser do PSD que só tem 29,11% dos Portugueses do seu lado. Aliás, ninguém tem maioria! Como é que ele resolve isto? É uma besta, é a única explicação. Leiam besta no sentido bíblico se acharem mais bonito.

Tenho dito. Desculpem lá o mau feitio...

sexta-feira, agosto 14, 2009

A minha guitarra favorita ficou orfã...



Ontem faleceu Les Paul, guitarrista e inventor, fundamental no desenvolvimento da guitarra eléctrica contemporânea. Foi Les Paul o responsável pela Gibson Les Paul que vemos na fotografia. Tudo começou por uma guitarra a que chamou "the log" por ser basicamente um bloco sólido de madeira com um braço e um pick up, ao contrário das guitarras eléctricas dos anos 30 que mantinham a caixa de ressonância. O bloco sólido resolveu problemas de feedback e permitiu mais ataque no som da guitarra. O Rock nunca mais soaria da mesma maneira. Les Paul não foi o único, mas foi dos mais relevantes. A Gibson demorou 10 anos até aceitar o modelo de Les Paul e foi, curiosamente, o desenvolvimento paralelo da guitarra da Fender - sua concorrente - que os convenceu finalmente. Hoje a Les Paul é a imagem da Gibson e, ao lado da Stratocaster da Fender, a guitarra eléctrica mais popular e mais copiada do mundo. Para além das guitarras, e como se isso não fosse o suficiente, Les Paul foi absolutamente pioneiro na gravação multi-pistas e foi um dos inventores do primeiro gravador multi-pistas em fita magnética - o primeiro 8 track foi construido para si pela Ampex -, algo que possibilitou desde logo os home made studios. O homem é uma lenda! Eu nunca tive uma Gibson Les Paul, fiquei-me por uma imitação barata, mas esta sempre foi e será a guitarra dos meus sonhos. Les Paul deixou-nos ontem mas o seu nome e a sua guitarra ficam para sempre.

Become a Fan of Les Paul on Facebook

quinta-feira, julho 30, 2009

Eu não sei bem o que quero, mas...

Eu não quero um Primeiro Ministro que acha que se está a fazer "uma perseguição social dos ricos". Porque isso não é verdade. Porque os que mais têm mais devem contribuir para a resolução da crise. Porque a crise foi criada pelos "ricos" e pelos seus bancos de investimento. Por tudo isto e porque quem se põe a dizer estas coisas se prepara, de certeza, para aumentar ainda mais o clientelismo público da pseudo iniciativa privada - se tal ainda for possível depois de tantos bail outs. Prepara-se para defender os senhores dos "iates?".

Porra!
Quem é que se lembra de defender os senhores dos "iates"?

Eu acho, ao contrário do que diz essa senhora, que tem sido feita uma perseguição social dos pobres, dos trabalhadores, dos honestos, dos que não têm amigos importantes num ou noutro governo. Eu acho que essa senhora devia estar calada. Eu acho que ela representa um Portugal que já não interessa a ninguém.

Só para rir um bocadinho... ou chorar, daqui por 2 meses.

terça-feira, junho 23, 2009

Noite de S. João vem aí e cá está o mau tempo...


Olha! Os Dead Weather não gostam que a gente faça o "embedding" do seu vídeo!Ou será a NBC? É mais provável que seja a NBC. Troquei por um vídeo da banda...

O Texto original deste post:

"Sendo assim mais vale ouvir The Dead Weather ao vivo no Tonight Show de Conan O'Brien...

...muito Rock n Roll!"

quarta-feira, junho 03, 2009

London calling...

From Photography

From Photography

From Photography

Foi uma viagem relâmpago mas que me deixou muito bem disposto. Tenho de fazer isto mais vezes. Nunca faço muitas fotografias turísticas e a minha câmara de serviço foi o iPhone. A velocidade e o movimento é o que vos deixo desta vez. Sem pretensiosismos.

quinta-feira, maio 28, 2009

Eu não gosto de Geometria Descritiva!



Eu não gosto de Geometria Descritiva. Nem tenho de gostar. Nem sequer tenho de fingir que gosto, ou tenho? Pelos vistos há quem pense que eu deveria fingir.
Já dei aulas da coisa. Não correu mal, antes pelo contrário. Foi uma paz de alma ensinar a fazer aqueles exercícios. Mas não gosto.
Expliquei milhões de vezes a razão pela qual a Geometria Descritiva deveria ser substituida no currículo por uma disciplina de representação rigorosa que, ainda que aproveitando algumas das bases da anterior, deveria enveredar por técnicas e soluções de representação mais actuais e, sobretudo, deveria primar pela simplicidade e pelo sentido prático ao contrário dos quebra-cabeças abstractos e sem sentido que acabam por moer a paciência de candidatos às Belas Artes nos exames nacionais. Faz bem à moleirinha, vão dizer os mais conservadores, treina o entendimento do espaço, dirão outros assim assim. Eu digo que isso tudo se pode fazer com outras ferramentas e que representar as projecções e sombras nos planos horizontal e vertical de um cone assente num plano projectante vertical, seccionado por um plano oblíquo, etc, etc... é uma chatice que serve apenas para alimentar o monstro.
Não presumo ser o rei da verdade e este é um assunto polémico. Não é pacífico. Nem a minha opinião sobre este assunto se esgota nestas linhas.
Devo dizer ainda, para quem me lê e ainda tem de fazer a disciplina, que raramente um currículo nos agrada na totalidade e que por vezes há desafios que parecem mais tontos ou mais complicados. A verdade é que estão lá e, como não há forma de os contornar, devem ser encarados com responsabilidade. A Geometria Descritiva não é um bicho de sete cabeças Aprende-se e pratica-se e pode, na conjuntura actual, ser uma óptima opção para tirar 20 num exame nacional de acesso ao ensino superior. Só por isso merece a atenção dos alunos. E depois há quem goste muito e muita gente que a acha fundamental. Eu é que não e pronto. Em muitos países civilizados outras disciplinas substituem a exaustiva prática dos ensinamentos de Gaspard Monge (1946 - 1918), não estou a proferir nenhuma blasfémia, ou estou?

imagem de Gaspard Monge retirada do blog Napoleon Bonapart en BD.

quinta-feira, abril 23, 2009

They come out in the sun...


Não sei se já repararam mas os senhores que multam e bloqueiam carros mal estacionados saíram da toca, agora no bom tempo, e andam muito atarefados. Onde estiveram no Inverno, quando havia frio e chuva? Nessa altura não era importante passar as multas? Agora ao sol os carros irritam mais? hummm... Pagaram a esta gente durante o defeso climatérico? Nunca percebi estas políticas de conveniência. Que raio de estupidez, alguém se esqueceu de distribuir impermeáveis aos senhores da Polícia Municipal ou eles só trabalham quando lhes convém? Outra coisa engraçada é que são capazes de entupir uma rua, estacionando em segunda fila ou demorando eternidades para rebocar carros que estão em estacionamento pago mas sem o bilhete, minando o trânsito por completo apenas para cobrar ao cidadão. Isto significa que não servem ninguém a não ser a si próprios. Cobram multas para se financiar, estragam carros de pessoas por falta de 60c., e nunca perdoam o dinheiro do reboque mesmo quando a malta chega a tempo. Com o reboque estacionado em segunda fila cobram o dinheiro e passam ao carro que está à frente. Espectacular! Mais uma coisa que existe e não tem explicação...

fotografia gentilmente gamada do blog Aquela Opinião... é por uma boa causa.

Sobre os eventos do evento...

Tão perto do 25 de Abril, a partir de um evento sobre o evento, lembrei-me de dizer duas ou três coisas sobre o assunto dos eventos sobre o evento. Há um folclore ligado ao 25 de Abril e aos anos setenta portugueses, resultado da nossa cultura e património artístico musical, imagético, literário e poético dessa época. A celebração de uma revolução pode ser sempre contextualizada no facto histórico devidamente datado e não passar disso. Acontece assim quando a relevância política da mesma desaparece da memória colectiva e deixa de fazer sentido na vida diária dos povos. Quando é apenas uma lembrança dos livros de história. Não acho que isso se passe com o 25 de Abril. Não acredito que as vitórias da nossa revolução sejam apenas lembranças de um livro de história ou motivo de estudo de um doutorando qualquer na Torre do Tombo. Acredito que as lições do 25 de Abril são relevantes hoje mais do que o foram nos anos quentes do período pós-revolucionário. É necessário reflectir sobre a guerra, sobre o conceito de guerra, sobre as guerras racistas que insistimos hoje em fazer. Sobre o facto de ter sido a guerra e os guerreiros (leia-se soldados, militares) a alimentar a revolução e a acordar de uma letargia politica aflitiva e asfixiante um povo que, na sua maioria, prefere sempre deixar-se estar como está e não mudar nada, porque mudar incomoda. Essa letargia existe hoje tanto como ontem. Neste contexto questiono-me sobre o interesse de fixar a ideia de 25 de Abril à música do Zeca e do Adriano, aos cravos, ao imaginário estético do realismo socialista de raiz Estalinista (sim porque a revolução de Outubro de 1917 foi a das vanguardas e depois de 1927 as pinturas começaram a ter punhos no ar e foices e martelos e operários e só isso, só isso mesmo), à poesia da Sophia de Melo Breyner, da Natália Correia ou do Manuel Alegre. Questiono-me se não será redutor associar insistentemente a celebração da data a este património cultural tão localizado no tempo. Atenção que a importância artística destes autores não está em causa, antes pelo contrário alguns deveriam ser lembrados mais vezes do que apenas no 25 de Abril. Acho, por outro lado, que as obras dos artistas de hoje também são as da liberdade, as da democracia. Devemos procurar a democracia na nossa cultura actual, na nossa arte. Afirmar a vitória da revolução pela liberdade de fazer novo, de fazer diferente. Chamam-me por vezes pós-moderno, algo que nem sequer está bem definido do ponto de vista teórico, mas creio que verdadeiramente pós-moderno é o burguês que põe o cravo na lapela e canta a Grândola uma vez por ano e que no dia seguinte defende políticas elitistas nas escolas públicas, se opõe aos rendimentos mínimos e compra acções da EDP e da Portugal Telecom e vende ao sabor do mercado anarco-liberal que nos abafa. Aquele que acha normal pagar nos hospitais e nos tribunais e cobrar €1500 por ano a um aluno que frequenta o ensino superior público. O revolucionário da aparência e do folclore é que é o pós-moderno. A democracia serviu e serve também para esses se manifestarem à vontade mas hoje a censura é severa e dura, é perigosa e está legislada como na altura. A censura é aceite e a manifestação controlada, o mais possível muda. Os direitos são lineares e as responsabilidades cívicas deixadas para as polícias que se exigem mais musculadas e violentas com os excluídos. Já me alonguei, já me estiquei demasiado. Para mim o 25 de Abril foi obrigatório, veio tarde demais, é fundamental para que hoje possa escrever este blog e vale pelos princípios da liberdade, da democracia, pelo respeito pelos direitos humanos, de cidadania, pela solidariedade social, pela igualdade, muito pela igualdade, vale por uma ideia de sociedade e de governo que protege os mais necessitados que distribui os recursos e se defende da acumulação ilícita, abusiva, que garante a justiça, combate a fome, recusa a guerra e todos os dias, todos os dias mesmo, trabalha para que os mais novos possam ter uma educação que está enraizada neste valores. Para que eles nunca acabem.

segunda-feira, abril 20, 2009

J.G.Ballard (1930 - 2009)



O mais visionário dos escritores contemporâneos, o homem que escreveu sobre o nosso futuro da forma mais brilhante, extraordinária e acertada, o Júlio Verne que o século XXI merecia, J. G. Ballard, faleceu este domingo aos 78 anos. Autor de "Atrocity Exhibition", "Crash", "Empire of the Sun", "Cocaine Nights", "Super-Cannes" e tantos outros romances e contos deixa-nos uma obra que começa por ser de ficção ciêntifica e entretanto, lentamente, se transforma num relato frio e detalhado do presente como se tivéssmos concretizado finalmente as profecias Ballardianas. A violência do mundo contemporâneo, a separação do real, brutal e absoluta, uma relação fetichista com objectos como automóveis e aviões, desertos pós-modernos como parques de estacionamento, aeroportos e condomínios fechados, um futuro/presente de catástrofe ecológica sem moral e re-escrevendo a ética toda do início... Ballard era tanto que eu nem consigo imaginar a perda!

"The writer’s task is to invent the reality."
J.G. Ballard

"The fact that an event has taken place is no proof of its valid occurrence."
The Atrocity Exhibition



Para quem não conhece podem sempre adquirir algum dos livros acima citados ou ver os filmes "Crash" de David Cronenberg e "Empire of the Sun" de Steven Spielberg, ou mesmo "Aparelho Voador a Baixa Altitude" de Solveig Nordlund, o único filme português sobre um conto de Ballard.

domingo, abril 19, 2009

I Was Once Shot in the Back of My Head


Shot In The Back Of The Head from Moby on Vimeo.
"Shot in the Back of the Head" é a uma música nova do Moby e este é o video feito pelo David Lynch. São 3 minutos de uma animação muito lowfi completamente a pensar na web. Devo dizer que soube disto pelo twitter do Lynch e que agora acompanho minuto a minuto a vida da Amanda Palmer porque ela está completamente viciada naquilo. Vai passar como tudo passa, essa mania, essa urgência de partilhar-mos todos os minutos da nossa vida com milhares de estranhos. Muitos dirão que é puro marketing para estes músicos e artistas que lutam contra as forças do mal simbolizadas em vilões como os do Pirate Bay (outra visão do mesmo assunto) o falecido Baudrillard diria com certeza algo que eu não consigo aqui reproduzir mas que passaria provavelmente pela noção de que esse hiper-realismo é mais um obstáculo à realidade e promove um ciclo infinito de simulacros que nos afasta cada vez mais de uma qualquer noção de realidade, ainda que remota. Já ninguém quer saber da realidade e comportamo-nos como se isto fosse um filme. Até para esta crise, que sempre aqui esteve mas que não existia só porque não era noticiada, imaginamos um final feliz como se isso fosse inevitável, como se a nossa vida fosse construída com as regras de um argumento de Hollywood. Um dia, com os avanços do DNA e tudo, os pais poderão fazer um post no seu twitter com a sinopse da vida do filho que vai ainda nascer... espectacular!

PS: Vi ontem um filme de 2006 "This is England" de que gostei muito. O filme passa-se em 1983 e devo ter, mais coisa menos coisa, a mesma idade de Shaun - Thomas Turgoose do filme Eden Lake, é genial neste filme dedicado à sua mãe falecida em 2005 -, o protagonista . Um miúdo, filho de um militar morto no conflito das Falklands, acaba por encontrar o único refúgio num grupo de skinheads e vive uma experiência de realidade mais brutal do que procurava mas mais rica também. O crescimento da cultura Nacionalista no Reino Unido veio de um sentimento de crise muito próximo do actual e, em última análise, este filme ensina-nos que o ódio e a violência vêm quase sempre de frustrações muito interiores e pessoais. As ideologias fomentam mais violência quanto mais pobres e infelizes são as pessoas nas suas vidas pessoais e são muitas vezes os mais fundamentalistas os que estão mais distantes dos verdadeiros motivos ideológicos, políticos ou religiosos. O ódio está no lado oposto da convicção mas às vezes odeio tanto tanta coisa...

sábado, abril 04, 2009

Coisas que existem e não têm explicação...

<a href="http://amandapalmer.bandcamp.com/track/creep">Creep by Amanda Palmer</a>
Não tem explicação só encontrar isto agora, não tem explicação o poder desta música, não tem explicação outra menina a tocar ukelelee no Gosto Duvidoso (atenção ao bónus), não tem explicação o facto de gostar do twitter, não tem explicação estar, neste preciso momento, a olhar para uma tartaruga que é minha e a adorar, não tem explicação a confusão que está esta casa, não tem explicação este amor novo que sentes, não tem explicação o anjo que dorme na minha cama...

...e ainda bem que nada disto tem explicação. Como deve ser.

A nossa vida às vezes é épica e tu mano sabes isso ainda melhor do que eu...

sexta-feira, abril 03, 2009

From Pinturas e Desenhos

Há coisas que não têm explicação. Como o amor forte, por exemplo. Acontecem e pronto. Também há coisas que se explicam demasiado, são previsíveis e lógicas. Eu tenho a mania de tentar explicar tudo mas continuo a preferir as coisas que não têm explicação e a vivê-las da forma mais intensa que consigo.

segunda-feira, março 02, 2009

Estás de volta...

... e eu sabia que ias voltar mais tarde ou mais cedo. Na verdade não me preparei convenientemente para isto, embora me tenha convencido que sim. És a minha velha amiga e não ias ficar sempre distante. Agora tenho de entender como te mando embora outra vez. Com que armas. Já aprendi, isso sim, que nunca irás embora eternamente. Esperei por hoje para ter a certeza. Agora sei. Tenho menos forças do que no passado por isso espero que também venhas com menos intensidade.

Tenho de me convencer que é só mais um desafio. Só queria despedir-me de ti para sempre...

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Mais um desenho...



... mais um jantar. Enquanto o Porto lutava contra a má sorte no jogo com o Atlético e vozes mais ou menos agressivas insultavam tudo o que era madrileno, saiu-me mais este. Ao som rouco do Lopes que cantava "Rape me... Rape me... Rape me..." dos Nirvana sem cessar, até ao limite, até me saiu melhor.

Cada vez falo menos de filmes durante o Fantasporto mas hoje vi um bem bonito. Chama-se "Absurdistan" e é do alemão Veit Helmer que realizou "Tuvalu" vencedor em 2000. É uma história de amor entre dois adolescentes numa aldeia perdida no oriente europeu. A luta entre os sexos ganha contornos de comédia quando nesta sociedade absurda e dividida um género deixa de cumprir o seu papel e o outro leva o protesto à consequência mais inevitável, não mais sexo. As mulheres mandam e o amor conquista tudo... isso já nós sabíamos, mas soube-me muito bem este filme.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Ghostbusters princesses and songs



As noites míticas estão de volta? ou nunca desapareceram... espantar fantasmas esteve na ordem do dia e há mesmo noites em que tudo é possível.

Os meus dedos, rotos de maltratar aquelas cordas velhas, parecem hoje de manhã a cara do Mickey Rourke. A minha voz, tão melodiosa como um Buttgereit de dar umas cabeçadas na parede e muito abaixo do recomendável, arrasta-se pela minha garganta com uma dificuldade melosa, enfim, cheia de muco.

O Armando, no entanto, não teve culpa nenhuma e lá ouviu espantado a minha história em que comia os rins da Dalila com vinho branco depois de uma noite tórrida e violenta com o coelhinho da Mónica. Porque pelos vistos ele gosta de sofrer trabalha na Qimonda e foi quase como conhecer uma celebridade. Ou então não...

Será que aconteceu mesmo?

No princípio e no fim pontuaste o meu dia e hoje o Sol pode inundar a tartaruga, aquecer-me o rosto, mas já não me fere os olhos... e eu sorrio, sorrio muito.

ps I: se não há uma palavrinha para os Oscars é porque não vale a pena. Lembro-me sobretudo de te afagar o cabelo.

ps II: a fatiota era genial!

domingo, fevereiro 22, 2009

Mais um jantar do Fantas...



... mais um desenho. Este meio a pedido do Filipe Lopes. Sim porque desta vez já estavam o Lopes, o Pascoalinho e a Tita, sempre com o Ricardo Clara. Grandes amigos de viagem! Na televisão o Sporting - Benfica afastou-me dos desenhos durante quase todo o jantar e a saborosa picardia entre o Lopes e o Pascoalinho soube ainda melhor do que a surpreendente picanha no bar dos bombeiros. Não era a melhor picanha mas muitos de vós também nunca viram o bar dos bombeiros...

... a noite seguiu e tornou-se num dia especial por obrigação de calendário. Como é da praxe fiquei um bocadinho mais emo e fiz uma fita à menina mas dancei muito e tive bons abraços. O Abreu e o Danilo não sairam dali e a Marta Joana ficou quase até ao fim com o grande Lopes. Gosto sempre da presença do economista liberal que é o mano Fundo que me tenta em vão ensinar as proezas do sistema económico e as virtudes do crédito, faz-me bem (ele, não o crédito).

Mas hoje quando acordo só uma frase me vem à cabeça...

O Amor dói muito!

não me perguntem porquê.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O primeiro jantar do Fantas...


... deu nisto. Com o Clara, o Ivan, o Henrique, a Suska, a Catarina Castelejo e mais uma moça de cujo nome não me lembro e que também trabalha pelo fantas. Foi na Brasileira que nos serviu uns pregos em prato tão frios como os seus homónimos em aço.

a conversa descambou algumas vezes como é costume mas cabe aqui fazer o esclarecimento...

... para quem lá estava: O senhor em causa é o Bob Saget que ficou famoso na série "Full House" nos anos 80 e o filme dos pinguins é o "Farce of the Penguins". Pronto, está dito.

Mais para a frente no Festival as brancas que me vão acontecer serão por filmes e nomes bem mais interessantes... espero.

Adivinhem onde estive ontem...


terça-feira, fevereiro 03, 2009

You are the Sun

"You are the sun
You are the only one
You are so cool
You are so rock and roll

Be my, be my, be my little rock and roll queen"

Mesmo com 50 tipos suados e bêbados à minha volta só me lembro daquele sorriso! Esqueci-me dos olhares, dos empurrões, da cerveja que se entorna, esqueci-me das horas, das consequências... esqueci-me de pensar "para onde vai esta gente que está sempre a atravessar a pista?"

... a sério, há gente que sai à noite e que a passa a atravessar um bar sobre lotado de um lado para o outro sem qualquer orientação... só pode ser isso, uma tara, necessidades educativas especiais, sei lá!

Os Kaiser Chiefs fizeram entrar em delírio uma Angry Mob que sabia as letras todas - não eu, a memória nunca ajudou muito - e a malta pinchou e saltou e eu pressenti que a noite ainda estava a começar...

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Esta é para ti Zé Ramone!

"He's in love with rock'n'roll woaahh
He's in love with gettin' stoned woaahh
He's in love with Janie Jones
But he don't like his boring job, no..."

Mas tu gostas e isso também é engraçado.

Ninguém rocka como tu Zé Ramone!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Can they?



Hoje pode ter sido o primeiro dia do resto das nossas vidas... Ou então não.
Obama fez o seu discurso para a América mas também para fora. Foi um discurso conciliador mas não deixou de ser muito crítico da política americana dos últimos anos "Our economy is badly weakened, a consequence of greed and irresponsibility on the part of some but also our collective failure to make hard choices and prepare the nation for a new age." Apesar de tudo ainda há sinais de um qualquer eixo do mal e da ideia de que deus comanda o destino dos homens. A palavra "God" faz parte do discurso político americano quase tanto como num discurso de um qualquer mullah a anunciar a sua fatwa. Quase nunca vejo grandes diferenças. Obama tentou ser diferente mas não deixou de lembrar quem manda por aqueles lados... Deus. Pelo menos assumiu a posição de governante e apresentou metas políticas e sociais louváveis. A consciência de que o trabalho é de todos e o caminho é duro. Realçou a importancia de criar empregos e um sistema de saúde sólido e mais barato à custa de mais tecnologia e ciência. Saír do Iraque e fomentar a paz com todos. É interessante analisar as "word clouds" dos vários discurssos dos presidentes americanos. Aqui ninguém quer saber.

Barack Hussein Obama pode salvar vidas só pela cor da sua pele e pelo seu nome, mas promete mais. Quero adormecer a imaginar que é um super-homem e cumpre as sua promessas. Amanhã quando acordar tudo irá ser mais cinzento e os desafios menos poéticos do que um discurso inflamado. O cartaz de Shepard Fairey diz "HOPE" e eu tento ter alguma esperança. Custa-me, no entanto, que uma nação como os Estados Unidos da América tenha tanto poder e influência nas nossas vidas, enfim, custa-me isso com qualquer nação. Custa-me muito. Hoje vou ter uma centelha de esperança. Por uma noite.

...

nota de rodapé:

falei ao telefone com a Martha que está no México e ela está bem melhor de saúde. está a aprender espanhol. fiquei muito contente. ela está feliz e vai ver os Radiohead em Março na Cidade do México! Grrrrrrr..... (inveja)!

segunda-feira, janeiro 19, 2009

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Dás-me vontade de pintar...

Faltam-me os filmes... Faltam-me muito os meus filmes!
Na sala, naquele escuro mágico que me transporta para lá das coisas.

Falta-me a pintura... Faltam-me muito as minhas tintas!
As minhas formas e cores falam muito mais do que eu consigo dizer.

Abandonei o meu reino por outro várias vezes, agora tenho um reino desgovernado, gigante e cruel.
Quero voltar para casa.

Um dia escrevi num desenho:

"I kissed your pierced lip and died"

... gosto muito dessa frase

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Pois... 2009.


Para primeiro post do ano tinha pensado escrever algo verdadeiramente significativo, mas isso nunca aconteceu antes e não era agora que ia começar...

O país está em recessão, o mundo todo está em recessão. Isso significa que alguns tipos ricos, daqueles que investem dinheiro em coisas verdadeiramente luminosas em flatcreens alojados em cubículos entre Lisboa, Londres, Berlim, Nova Yorque ou Tóquio vão começar a pensar seriamente em fazer correr lâminas afiadas ao longo dos seus pulsos antes cobertos por pulseiras de relógios suiços que davam para pagar a minha casa. Já não era sem tempo. Não consigo ter pena.

Claro que a minha existência eminentemente burguesa me deveria conduzir a uma opinião mais ou menos conservadora e reservada sobre isto tudo, mas não resisto. Adoro todos os minutos e observo nervoso o avançar do cancro alimentado por esta gente criativa e engraçada - os contadores de moedas desajeitados do século XXI. Quando é que me vai chegar? Revejo na minha cabeça imagens da Farm Security Administration, que registou por intermédio de fotografos como Dorothea Lange ou Walker Evans imagens da depressão de 1930, e fico à espera da grande fome. Há quem me diga que a corrupção em que vivemos é uma espécie de fungo sem o qual não podemos existir... tipo penicilina. Ás vezes acredito mais do que outras mas não gosto nada da ideia e custa-me reconhecer que pouco faço para desmascarar a burla e ainda menos para ajudar quem realmente precisa.

O meu exército enfraquece à medida que se afasta do falso general e sinto-me fraco para comandar tropas neste momento. A mensagem anda fraca e igualmente em recessão por estes lados.

Apetece-me falar de amor mas o blog do meu irmão encarrega-se disso muito melhor do que eu. Devo dizer que tenho tido momentos bonitos com um rosto bonito que me faz sentir bem e esquecer que tenho de me apaixonar de vez em quando. A felicidade faz-se sobretudo de coisas pequenas e simples.

Um 2009 cheio de obras para os meus soldados e cheio de mim para as minhas musas...

...e já agora cheio de saúde para o pai fundo e força para a mãe sameiro,

é o que desejo.