terça-feira, maio 06, 2014

Os alunos não são atletas mas podem ser todos vencedores



Inovação, Democratização e Imaginação são os três factores fundamentais para a melhoria constante dos recordes desportivos. David Epstein demonstra, nesta conferência TED, como a única coisa que se transformou para que o ser humano atinja novos máximos físicos foi o seu querer, o seu engenho tecnológico, o seu conhecimento científico, a sua vontade de treinar e a oportunidade de cada um ser diferente ou de tirar partido da sua diferença.
Enquanto ouço David Epstein vou refletindo sobre como o sucesso educativo depende dos mesmos fatores. Da nossa capacidade de conhecer melhor os alunos e o seu modo de aprender, da tecnologia que usamos para os ensinar, das expectativas que vamos semeando nas suas cabeças e que fomentam o seu querer e, muito importante, do respeito que devemos ter pelas diferenças entre os alunos e como elas representam potenciais diferentes e não necessariamente dificuldades de aprendizagem ou de adaptação. Se a sociedade e o poder político de hoje olhasse de um modo mais humano, mais pragmático e mais científico para a educação estaria a potenciar todos os alunos em vez de fazer uma cínica e cuidadosa seleção social, com objetivos políticos e económicos. 
Os professores, em contacto direto e humano com os seus alunos, vão acreditando no seu potencial e vão remando contra a maré sistémica que parece querer garantir que muitos trabalhem barato para o benefício de muito poucos. 
Reconhecer a hipocrisia embutida nos sistemas de seleção falsamente meritocráticos em que se tornaram os sistemas educativos modernos é um primeiro passo para a construção de soluções eficazes e para o cumprimento cabal da declaração dos direitos da criança e da declaração dos direitos do homem.
Se pensarmos bem e se quisermos trabalhar bem, todas as escolas podem ser escolas de sucesso e todos os alunos podem ter direito ao seu sucesso educativo. 
Agora imaginem uma economia assente no sucesso de cada cidadão em vez de uma economia assente na desvalorização do trabalho, na desescolarização das aprendizagens (querem empresas a ensinar alunos, não é?) e com a finalidade única do aumento do lucro corporativo. É utópico apenas na medida em que é realizável. Um sistema educativo eficaz é uma distopia para o capitalismo neoliberal que se instalou na Europa. Porque não promove a exploração do trabalho barato, fruto de uma fraca educação, e nesse sentido não contribui para a diminuição dos custos de produção e provoca, necessariamente, uma diminuição do lucro corporativo, hoje a medida de todas as coisas quanto à saúde financeira de um Estado.

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