domingo, janeiro 27, 2013

Sobre o caso da laqueação de trompas e a proteção das crianças.

Republicação da minha página no Facebook.


  • Serei sempre contra uma visão utilitarista da justiça, da educação ou mesmo da intervenção da Segurança Social. Não cabe, em situação alguma, ao Estado ou a qualquer outra instituição o direito de limitar uma mulher na procriação. Por muito que pareça lógico ou economicamente favorável um Estado não pode impor uma cirurgia deste tipo a uma mulher. É este consenso sobre a violência que o Estado vai cometendo sobre aqueles que devia proteger que nos deixa indefesos perante estes momentos de lei marcial económica. Confundimos a estreita moral utilitária economicista com valores éticos absolutos. Um juiz que deixa passar uma situação destas deveria renunciar e dedicar-se a outra coisa qualquer. Não serve a lei, a justiça ou os cidadãos. Valha-nos que ainda vão aparecendo vozes esclarecidas como nos é contado nesta notícia do Público.
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  • Laurinda Branco Desta vez não foste muito longe Fundo. Há aqui mais do que uma questão de utilização da justiça para o que parecer necessário em determinada ocasião. Há um profundo equívoco sobre o papel da justiça e as funções do estado. Em primeiro lugar TODAS AS MULHERES TÊM DIREITO A SER MÃES, tantas vezes quanto quiserem e os juízes nada poderão dizer acerca deste assunto. Em segundo lugar, quando uma mãe não tem condições para educar convenientemente os seus filhos, a SEGURANÇA SOCIAL deverá intervir no seio da família e em conjunto com ela. O grande problema deste país é que se confunde justiça e lei com valores religiosos, ideológicos e pouco sobre direitos humanos e de cidadania. Nunca poderão ser um conjunto de velhos e caquécticos juízes, cujas funções físicas já se encontram bastante debilitadas, a julgar e decidir comportamentos.
  • Jose Antonio Fundo Acho mesmo que é o utilitarismo. A falta de respeito pelo direito de decidir das mulheres é um problema antigo e grave mas os juízes de hoje já não são indivíduos velhos, caquécticos. São homens e mulheres no auge das suas competências e ainda assim demonstram, vezes demais, uma completa e absoluta ignorância acerca dos princípios éticos que devem nortear a sua função. Deveriam ser capazes de ver o problema pelo que ele representa. A questão é que hoje já ninguém quer saber dos direitos das mulheres ou das minorias étnicas, muitos juízes, políticos, opinion makers. Esses problemas foram esmagados pelo discurso economicista e quem manda rejeita a sua discussão de modo categórico. Com base num falso e podre consenso que não existe. Os princípios éticos mais básicos, do respeito pelo ser humano, deixaram de interessar e por esse motivo assistimos impávidos e serenos à maior regressão de valores da história. O português dedica mais energia a defender um cão do que alguém que foi chantageado a submeter-se a uma mutilação em nome da redução da despesa. A moral católica de bolso - sim, porque há outra - é um problema, mas o maior problema é termos decidido parar de pensar nas coisas.
    27 January at 18:16 via mobile · Like · 1



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