quarta-feira, março 26, 2008

Mais três filmes...


Mais uma vez fui ao cinema. Mais uma vez três filmes. Há quem diga que não aguenta, que é demais. Ás vezes esqueço-me de como é bom estar no cinema, como me sinto seguro. Esqueço-me e volto para me lembrar. Não se deixem enganar pela minha gulodice cinéfila, vou montes de vezes... nunca são as suficientes.

Comecei com o "Halloween" do Rob Zombie. Remake do clássico de John Carpenter de 1978. É muito caótico o Rob Zombie a realizar. Tão caótico que fica mal. Preconceituoso quanto baste, para um americano, não resistiu a transformar Michael Meyers num filho de uma família completamente disfuncional. Mãe stripper, irmã promiscua (ou não, sei lá, tem um namorado) e um padrasto preguiçoso e violento que por qualquer motivo está entrevado. Esperava que o Zombie fosse um bocadinho menos moralista. Um assassino como Michael Meyers não tem de ser resultado de uma família com problemas. A piada da história vem do facto de não haver motivos para Meyers ser a semente do mal. Esse é o princípio da história de terror. Vem sem motivo e por isso é imparável. Rob Zombie, do alto do trono de estupidez que é a cultura moralista americana, fez um filme onde, sem querer, faz dos pobres a semente do mal.
A realização é tão desorganizada que irrita. Sem identidade cinematográfica. Se Rob Zombie tem um imaginário com uma certa piada, para quem gosta do género de terror, não faz a mínima ideia de como se constrói um filme com identidade, com uma voz do princípio ao fim. Não havia necessidade de estragar mais um clássico do cinema de terror.

O segundo filme foi "Falsificadores" ou "Die Fälscher", no original de Stefan Ruzowitzky. Ao contrário de Zombie, Ruzowitzky sabe fazer cinema e conta muito bem a história de Salomon "Sally" Sorowitsch. Rei dos falsificadores, este judeu russo é apanhado pelos nazis e participa, enquanto preso num campo de concentração, na operação Bernhard. Uma operação destinada a falsificar libras, dollars e outros documentos dos Aliados para ajudar ao esforço de guerra alemão. O filme faz-nos viver a angustia dos prisioneiros que não sabem se devem fazer o seu melhor para salvar a vida ou boicotar os seus inimigos atrasando a produção de dinheiro falso. Sally o personagem principal é muito forte e conforta o espectador com a certeza de que resolverá o problema. O filme começa com Sally cheio de dinheiro depois da guerra. O caminho para a salvação não é fácil e a ambiguidade moral atravessa todo o filme. Não há soluções fáceis e as personagens deste filme foram colocadas com a mão certeira de quem retoca uma chapa de gravura para falsificar uma nota de dollar. Quando achava que já não tinha pachorra para mais filmes sobre a Segunda Guerra eis que me aparece mais um a provar que eu afinal não percebo nada do assunto.

O terceiro filme foi escolhido muito a medo. "August Rush" de Kristen Sheridan é um drama clássico à volta de um puto com dotes musicais para além do imaginável. É ridícula a forma como o miúdo vai aprendendo os instrumentos à velocidade da luz. A trama tem alguma piada mas cai com demasiada facilidade no clássico encontro/desencontro até ao minuto final. Soma-se a isto a velha história do percurso do menino prodígio e temos um filme igual a tantos outros. Todos sabíamos o que ia acontecer no minuto final... foi só esperar. Se não gostasse tanto de ouvir guitarras tinha odiado o filme. Com um bocadinho de sorte, ou azar, como preferirem, este filme far-nos-á companhia numa tarde de sábado qualquer na sua TVI. Salva-se realmente a música que venceu o Oscar com a interpretação fantástica de Jamia Simone Nash, de 11 anos. A performance de Jamia na cerimónia de entrega dos Oscars valeu bem mais do que todo o filme.

Há muito mais a dizer sobre estes filmes mas agora não me apetece...

... maybe another time, another place.

4 comentários:

Diana Paula Soares disse...

só vi o Halloween e não podia estar mais de acordo.
a realização do filme é o terror do mesmo.

Crashedbaby disse...

acho que apanhei esse bichinho cinéfilo que nos arrasta para frente de um ecrã...

este fim d semana não houve tempo nem meio de sair de casa para ir a um cinema, mas decidi alugar dois filmes antigos... "Arizona Dream" de Emir Kusturica com Johnny Depp, e "Don Juan de Marco" de Jeremy Leven, também com Johnny Depp. Filmes estes que nunca tinha visto e adorei. Principalmente o "arizona dream" que tem uma história fantástica, mostrando até onde a força e os desejos de cada pessoa as podem levar e com interpretações fantásticas de Johnny Depp, Faye Dunaway e Lili Taylor... se não viu ainda..deixo aqui a recomendação =)

E como cinema nunca é demais e só faz bem hoje ainda passei por uma sala de cinema para ver "Este país não é para velhos" e adorei a forma como todo o filme contrói uma critica á sociedade actual de forma irónica e bem conseguida.

A lição que tirei no final de tudo isto foi uma única dúvida que agora me preenche:
da maneira que todo o mundo do áudio-visual me fascina, será que fiz bem em escolher agora no 11º, design de comunicação.?! =S

bjinhu*

kinezumi disse...

ahh nao sei, eu vi o halloween e gostei dele, é um filme "gore", ena é pra deixar o cerebro fora do cinema e ir rockar o resto do filme, os falsificadores nao o vi, o august rush concordo, tinha elevadas expectativas k se foram desmorronando, concordo, ir ao cinema nunca é demasiado, nao pela sensaçao d bem estar, ou segurança k discordo, mas de certa forma pelo facto d podermos deixar parcialment o nosso cerebro fora da sala, e morar nakele universo paralelo onde somos so espectadores e podemos disfrutar, no fundo como uma pessoa k liga o radio na frekencia dos vizinhos

Crashedbaby disse...

Hoje fui ver August Rush...o cartaz ja me tinha puxado a atençao ha imenso tempo, mas só agora tive a oportunidade de ir.
Tenhu de concordar realmente quanto ao argumento do filme. Foi uma história muito previsivel, tipica "Prende-Madalenas-Ao-Sofá" a que se pode assistir a qualquer fim de semana ao fazer zapping na TV. Mas a banda sonora... a música, tem uma força inabalável e indiscritivel. Possui qualquer um. Esqueci-me parcialmente que estava numa sala de cinema e senti-me transportada para um verdadeiro concerto de orquestra.

Bjinhu*