sexta-feira, setembro 26, 2014

Os ratos vão abandonando o navio.

Vamos diariamente acompanhando as notícias sobre o caso Tecnoforma e o envolvimento do primeiro ministro Passos Coelho. A Tecnoforma é uma referência para o "benchmarking" do tráfico de interesses e captação de dinheiros públicos do ponto de vista da direita conservadora portuguesa. Não há novidade nenhuma aqui e também toda a gente já percebeu que ninguém normal se esquece se recebeu ou não 150 mil euros quando ainda era um garoto. Passos diz que nunca recebeu nada. Ninguém pode provar o contrário. Quando disse que não se lembrava condenou-se.
Agora aparecem uns cronistas conservadores a condenar o primeiro ministro e a Tecnoforma. Como se a governação de Passos Coelho, que defenderam tantas vezes sem critério, tivesse sido a de outro primeiro ministro. Não foi. Foi a governação de um homem que defende interesses de poucos com o prejuízo de muitos. Que entende o Estado como uma vaca leiteira para abastecer os negócios dos amigalhaços, mas tem horror a que se pague a um desempregado um subsídio mensal que não chega a 10% do que ele, alegadamente, recebeu há 15 anos atrás para não fazer nada. Foi a governação de alguém que nunca foi competente para coisa nenhuma, mas sempre se sentiu acima de todos. Usado como charneira de negócios de um Secretário de Estado tão parolo que teve de mentir e dizer que era doutor. Secretário de Estado esse que defendeu até ao limite quando se provou ter aldrabado o currículo. Isto no mesmo circulo de pessoas que defendem a liberalização das regras laborais e a meritocracia absoluta.
Quando os cronistas conservadores começam a dar para trás é porque querem distância. Cheira-lhes mal. Estão a preparar um novo governador de interesses para que o leite não pare de jorrar das tetas da vaca do Estado. Não, não me deixo enganar por achaques de moralismo de pacote. Quando este senhor deu cabo da vida dos portugueses em troca de nada e estava a destruir meticulosamente a escola pública, o serviço nacional de saúde, a justiça e a proteção legal aos trabalhadores, enquanto distribuía "jobs" a "boys" do partido como se não houvesse amanhã para engordar o "governo mais pequeno de sempre", nessa altura estes arautos da moralidade autocolante usavam a sua eloquência para justificar o injustificável. Não, não me deixo enganar.