sexta-feira, junho 13, 2014

Mais vale uma P. do que um F.P.



Há contradições insanáveis na decisão sobre a contabilização de atividades criminosas no cálculo do PIB. Sei que não será um exclusivo do nosso país mas ainda assim deveremos refletir sobre que estado de alienação ética ou técnica promove este tipo de raciocínio. Ainda que algumas destas atividades pudessem, após algum debate e reflexão, ser descriminalizadas e tributadas sempre que exercidas dentro da lei, é difícil aceitar esta medida como lógica.
Sabemos bem que estes grandes números, como o PIB, têm uma relação cada vez menor com o bem estar dos cidadãos, com os números da pobreza ou outros. São indicadores que servem aos grandes negócios e às lógicas de acumulação capitalista. Nada mais.
Também sabemos que o PIB já refletia alguns negócios criminosos por via das atividades de alguns nacionalistas a militar nos bancos e nas grandes empresas, com ajuda da vista grossa dos reguladores e da justiça, por isso a prostituição e o tráfico de droga pouco melindram os princípios éticos da nossa inteligenza económica.
Será que amanhã a atividade da polícia no ataque ao crime irá ponderar o interesse económico do país? O Ministro da Administração Interna poderá ponderar na vantagem de usar despesa pública para atacar negócios que acrescentam ao Produto Interno Bruto do país. Para que servirá a ASAE? A única polícia do futuro será a polícia fiscal. A lembrar o Príncipe João da história de Robin Hood que sendo a única autoridade mais não fazia do que cobrar impostos aos pobres.
Por este andar vale mais a prostituição e o tráfico de droga do que a educação ou a saúde.
Alguns dirão que tudo que é circulação de dinheiro conta, mas eu lembro que um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento é uma justiça eficaz e abrangente fomenta a segurança e o investimento. Incluir no PIB o que foge à polícia é assumir a incapacidade de gestão e organização das atividades económicas de um país. É uma medida neoliberal imbecil fruto deste zeitgeist de cabelo ao vento no cabriolet e relativismo ético interesseiro.
Quem diria que o governo de direita mais moralista e conservador depois do 25 de abril iria comprometer tantos valores em troca de dinheiro?
A mim não me espanta muito...
 

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