quarta-feira, setembro 26, 2012

Protestos em Madrid (republicação do facebook)

Apesar do jornal Público se entreter com as trivialidades do número de detidos e feridos nos protestos de Madrid o facto é que os Espanhóis, a sofrer menos do que os Portugueses, foram bem mais agressivos nos seus protestos e montaram uma manifestação justa e digna desse nome. O motivo é o mesmo. A ausência de uma governação democrática em defesa dos direitos dos cidadãos, da igualdade e do respeito pela dignidade humana. Não valerá muito a pena ser pacífico, pensarão muitos espanhóis, na verdade nisto das revoluções nunca funcionou muito bem o pacifismo. Aquelas barreiras metálicas também não estão ali a fazer nada. São barreiras ideológicas que protegem os governantes da opinião e do embaraço do confronto com os seus eleitores. Os governos europeus estão a precisar de governo. Em Espanha a sombra da guerra civil, a dúvida sobre a legitimidade governativa e a falsa coesão política estão sempre muito presentes num povo com sangue na guelra. O res
ultado foi uma manifestação que parecia verdadeiramente assustadora para qualquer governante. Não um protesto pacífico que serve para Paulo Portas ainda mandar mais no país. Não digo para começar-mos todos à pancada, não quer dizer que não resulte, mas há sempre gente que se magoa e vê a sua propriedade destruída e isso deve evitar-se até ao limite. É fundamental, apesar de tudo, que a classe política sinta que está a ser governada pelo povo. Devem sentir-se cercados até nos devolverem a confiança. Nesse sentido as declarações da comissão Europeia e do Banco Central Europeu sobre as medidas de austeridade a adotar em Portugal são inaceitáveis vindas de duas instituições responsáveis pelo mau governo Europeu e dominadas por políticos não eleitos. Essa ingerência na soberania, mesmo da parte de um credor - agiota que à força se impôs - noutro tempo teria outra resposta. É importante que os governos e instituições europeias se sintam cercados pelos cidadãos que estão a ser chamados a pagar uma dívida que lhes foi imposta e que serviu apenas para encher os bolsos de uma elite financeira mundial. O cerco do Congresso dos Deputados em Madrid é importante por muitos mais motivos do que os feridos e os detidos.

sábado, setembro 15, 2012

Manifestação de 15 de Setembro (republicação do facebook)

Hoje foi um dia importante mas é apenas um começo. Devemos tomar o controlo do nosso próprio destino. O governo deve demitir-se, o seu caminho estava errado e dirige-nos para uma situação ainda pior. O clientelismo político/financeiro tem de acabar e esta geração de políticos já provou que nada tem para nos dar.

quinta-feira, setembro 13, 2012

A crise da dívida na Zona Euro (republicação do facebook)

Como facilmente se comprova por estes gráficos publicados no site da BBC  as obrigações que nos são impostas pela troika são uma moda, mais ou menos cruel, sem um histórico de sentido. Ou seja, no passado outros países tiveram deficits e dívidas superiores sem que por isso tenham sido 
castigados. O único motivo para este programa é a vontade dos credores de receber mais pela mesma dívida. Para isso basta que digam - via agências de rating - que acreditam menos que somos capazes de pagar. Não há, ao contrário do propagado, nenhuma fórmula específica que defina a possibilidade de um país pagar ou não a sua dívida. Isso é pura especulação. Por outro lado está estatisticamente comprovado que os economistas são pura e simplesmente incapazes de fazer previsões coerentes sobre o futuro das economias. Os economistas limitam-se a um exercício de "wishful thinking" mais pessimista ou mais otimista. Depois fazem umas contas que dão o resultado que eles antecipadamente desejaram - ver o caso da TSU e do governo. Há uma generalizada ignorância por entre aqueles que apregoam a técnica de contar moedas, sobretudo quando se fala em grandes números. Chamam-lhe macro-economia. O nosso atual presidente dava aulas disso, imaginem! Esta crueldade externa sobre o nosso país é um novo tipo de invasão. Um expediente que moralisa e justifica a passagem de dinheiro das pessoas para os grandes grupos financeiros. Até os holandeses falam em austeridade e os alemães (o povo) sempre a conheceram. Para os ditadores do sec. XXI um país rico é um país com um povo pobre, uma classe política corrupta e instituições financeiras muito ricas. Ver o caso do Brazil e das suas favelas e dos seus traficantes. Cheio de pobreza, bem pior do que a nossa, uma classe política de fugir, mega-empresas comandadas a partir do exterior.
A insanidade que nos comanda até ao precipício tem por objetivo não apenas o enriquecimento pessoal de alguns mas também um desejo estranho e estranhamente familiar de purga do país, por uma nova ordem que vê a pobreza como uma espécie de superioridade moral e o sacrifício como um exercício de limpeza. Estão a mandar-nos ir a pé a Fátima a pão e água convencendo-nos que nos trará o céu. Mas o céu não existe e esta crise durará até que os bolsos dos seus autores estejam cheios. Não depende em absolutamente nada dos nossos sacrifícios.