No dia 27 de junho, dia de protesto e greve geral, um grupo de manifestantes que desfilava em direção à ponte 25 de abril foi cercado pela polícia e identificado um a um como se fossem criminosos. Alega a polícia que o protesto não estava autorizado e punha em risco a segurança rodoviária. Vão todos a tribunal. O país acha normal.
Não há pachorra para o clima hipócrita, pseudo-legalista, de resignação e passividade que se está a instalar neste país. Fruto da proclamação da subserviência como prática obrigatória de cidadania.
Ele é a greve que não pode incomodar, a manifestação que não pode interromper o trânsito, o insuportável Presidente da República a quem ninguém pode chamar gatuno (ele que nem teve nada a ver com o BPN), etc, etc...
Já a Constituição, pelo contrário, é um texto sujeito a interpretações... e não o cumprir é um ato heróico e justificável num momento de emergência económica, blá, blá, blá, blá, blá, blaaaaaaaaaaaaaargh!
A legalidade das manifestações é ditada pelo povo que vê ilegalidades maiores serem votadas como lei sem pudor e sem castigo. Não é, nem pode ser, ditada pelas regras burocráticas do Estado. A emergência que estes senhores justificam para nos retirarem direitos é a mesma que justifica que se interrompa uma estrada ou se ocupe uma praça. Aqui, na Grécia, na Turquia ou no Brasil. A ordem pública pode esperar que nos devolvam o país e a dignidade.
Aceitar ser tratado e conduzido como gado é que não!
Em Portugal aceita-se esta espécie de democraciazinha de brincadeira que uns senhores que nunca foram democratas nos vendem nas TVs. Porque na verdade nunca acreditaram na liberdade do povo. Nunca acharam a liberdade do povo importante para o desenvolvimento económico. São liberarais porque querem a liberdade toda para si e para os seus negócios milionários. É ouvir a gravação dos banqueiros irlandeses que conspiram às gargalhadas para roubar os contribuintes do seu país, porque os de cá fazem o mesmo tipo de coisas. É dessa liberdade que gostam estes liberais.
Os opinistas dos jornais e da televisão alinham-se de pingo de baba no canto da boca a promover a ordem e a legalidade, provavelmente no intervalo de uma ação de campanha eleitoral de um Menezes ou um Seara. Ambos a marimbar-se para a lei e cheios de vontade de mamar no favorzinho que a Assembleia da República lhes fez.
Os Turcos, os Gregos, os Brasileiros, os Franceses quando querem vão buscar. Partem tudo. Vergam políticos e políticas.
Nós, esta cambada lusa de covardes na qual me incluo, baixamos a cabeça e pedimos desculpa pela imaginação do insulto. Somos uns masoquistas pobres, ignorantes e covardes. Uns educadinhos ajudantes de sacristia à espera que a benção do senhor pároco nos invada o reto enquanto lhe agradecemos as graças.
É isso que somos? Será mesmo só isso que somos? De que esperamos para fazer uma nova revolução?
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