quinta-feira, agosto 22, 2013

Eu dava o Nobel da Paz a Manning e a Snowden!

Bradley Manning foi condenado a 35 anos de cadeia, depois de ter passado três anos encarcerado em condições horríveis e com menos direitos do que a maior parte dos prisioneiros que se encontram em Guantanamo. Este jovem militar, com uma consciência e sentido de dever para com a humanidade mais aguçado do que pelos vistos é suposto, é considerado mais perigoso do que a maioria dos "terroristas do Islão" que a trupe de Washington vai mantendo em cativeiro fora de qualquer regime legal.

Edward Snowden está exilado na Rússia. Temporariamente. Arrisca-se a servir de moeda de troca entre um regime corrupto e um outro corruptor. O jornalista Glen Greenwald, do jornal The Guardian, é perseguido e considerado perigoso. Os serviços secretos britânicos prenderam durante 9 horas um amigo do jornalista. Ameaçaram-no e arrancaram-lhe a ferros todas as passwords que abrem a porta à sua intimidade. Retiraram-lhe o direito a qualquer réstia de vida privada. Roubaram-lhe equipamento. Tudo com o argumento legal de que seria suspeito de terrorismo.

Ao mesmo tempo um diretor do The Guardian era intimado a destruir toda a informação que o jornal armazenava proveniente de Snowden. Por ordem direta do governo Inglês. Sem pudor.

A Inglaterra era uma democracia. Um Estado de Direito. Mas agora o Estado de Direito é a desculpa que se usa para se desrespeitar a liberdade do cidadão a torto e a direito.

Passam-se coisas que não devemos saber e que somos proibidos de saber. Coisas que nos dizem respeito. Estão a vigiar-nos. Os tribunais e as leis que conhecemos são uma treta. Há uma outra ordem das coisas, acima de todos nós, que tudo dita e tudo vigia.

O governo português, inclusive, acha legítimo mentir sobre o caso do avião de Evo Morales numa comissão parlamentar. Foi lá Paulo Portas (aquele que não gosta dos partidos por achar que os seus dirigentes são miseráveis) dar desculpas que todos sabem serem mentira.

Mannning e Snowden abriram-nos os olhos ou pelo menos deram-nos provas concretas de que temos realmente razões para nos preocuparmos. São os dois primeiros dissidentes políticos dos regimes pseudo-democráticos ocidentais do séc. XXI, pelo menos os mais mediáticos.

Este estado de coisas advém do facto de os desígnios destes governos terem deixado de ser os desígnios dos seus povos e terem passado a ser os das corporações e dos obscuros interesses privados. Fazem-se guerras a povos inteiros, mata-se gente com drones, tudo por interesses económicos. Noam Chomsky chama a estes estados RECD (Really Existing Capitalist Democracies, que se lê WRECKED, o que em inglês significa estragado ou destruído).

O terrorismo não são só os homens bomba do islão revoltado, também são estes Governos e exércitos a soldo dos interesses que nos trouxeram a esta crise interminável.

A iniciativa de propor Manning e Snowden para o Nobel da Paz é um gesto absolutamente essencial na defesa dos cidadãos europeus e americanos e uma réstia de esperança de que um dia possamos viver uma verdadeira democracia participativa.

 

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