Público - "Não passarão, eu apoio Garzón"
Esta revolta do povo espanhol é legítima, necessária. Assim como seria a nossa. As democracias capitalistas estão seriamente doentes e abrem espaço para os corruptos, os fascistas, para os que não têm respeito pelo ser humano mas que valorizam um qualquer deus que desconhecem, para os tios patinhas que nadam na sujidade da sua riqueza e zombam dos que nada têm. É o único espaço que abrem.
Hoje é 25 de Abril e creio que acabaram os tempos dos perdões. Há gente que devia ser encostada, lá como cá. Faltam-nos ao respeito. O tempo não é de enriquecer mas de partilhar. E continua a haver cada vez mais pobres e os poucos ricos estão cada vez mais ricos. Estou farto das lições sobre o 25 de Abril de uma geração que o conspurcou, que nunca soube o que realmente significava. Às vezes dá-me a sensação que o fizeram sem querer, por acaso. Não será verdade para todos mas é o que sinto. A minha democracia não é de cravos ou músicas do Zeca. A minha democracia é de actos. Todos os dias. A democracia tem a ver com a generosidade, com a partilha, com a liberdade de sermos todos iguais, não com a liberdade de enriquecer à custa dos mais fracos, não com a liberdade de roubar ou guardar o naco de carne para os gordos do costume.
Hoje, um grupo de homens e mulheres bem vestidos, vão entrar na nossa Assembleia e vão mais uma vez, quais pastores evangélicos, gozar com a nossa cara, de cravo na lapela. Usando para isso a legitimação que lhes demos. Vão falar do que desconhecem. Da realidade que espreitam por trás dos vidros fumados dos seus carros escuros. Vão falar de dinheiro. Do dinheiro deles porque nosso não tem sido de certeza. Não aceito mais lições de história sobre o assunto do 25 de Abril. Prefiro dar lições sobre o presente.
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